Antes de ser comunista, sou marxista. Além disso, porque é muito mais confortável viver com idéias do que com um sistema social que, na prática, tinha apenas aplicação em alguns países e, nós o conhecemos, de consequências prejudiciais. Além disso, todos os partidos comunistas mundiais, apesar de viverem para certas perspectivas comuns, têm especificidades nacionais e sociológicas. Nosso PCP possui uma história de que você pode se orgulhar, porque nunca foi poder, não cometeu atrocidades e foi o maior baluarte em resistência ao fascismo português. Até José Pacheco Pereira o reconhecer, certamente em outros termos.
Essas afirmações surgem, surfamente jogadas (nada pode ser escrito em um artigo de opinião que não carece de reducionismo), em relação à crônica de Nuno Pacheco, um jornalista que eu admiro e que com o infinito prazer que li, especialmente porque é, talvez , junto com Pedro Tadeu, o entendimento mais admirável do fenômeno da música e música populares portuguesas do mundo, separando outros conhecimentos. Em uma crônica recente, e sobre o fato de Maria Teresa Horta ter militado no PCP, sem a nota oficial do partido para torná -lo evidente, Nuno Pacheco intui que a omissão além da deliberada é um sinal de aborrecimento e brilha o artigo com o seguinte Sentença: “E respostas ao que é irritante é algo que o PCP não possui”.
Sempre me custa discordar das pessoas por uma enorme simpatia nutritiva, o que é o caso de Nuno Pacheco. E, de fato, eu nem discordo do jornalista. Para o PCP, existem e houve inúmeras situações desconfortáveis. A questão é, a propósito, o tom assertivo desta última afirmação. Acredito que o PCP lidou com situações desconfortáveis e teve excelentes respostas para eles, começando com o que foi assado com a guerra na Ucrânia, precisamente um ponto em que o PCP era muito bom. O teste agora é evidente, em um momento em que os EUA estão prontos para remover o apoio a esse país ou trocá-lo pelo raro negócio de terras, demonstrando como o alinhamento da UE com a Ucrânia era apenas uma imposição do Estado. E o PCP nunca esteve na Rússia na agressão, como se fosse para que ele acredite.
Quanto para perguntas desconfortáveis, se exceto Livre, Pan e, em parte, Be e IL, não há como falar sobre elas sem experimentar a vergonha de que não somos transportadores: o caso de pessoas implícitas das áreas de PS e Psd; Um ex -presidente adquiriu ações para a Sociedade de Negócios Portugueses por meio de um militante do PSD que todos conhecemos; Dias Lourioiro surgiu envolvido em vários casos obscuros, incluindo as transações com uma empresa espanhola suspeita de envolvimento no esquema de corrupção; Paulo Portas é o que é conhecido ou diz; Duarte Lima nem vale a pena falar; de Sócrates, Idem. Em maio de 2023, a CNN portuguesa publicou uma nota informativa sobre 191 políticos (entre eles, 11 ministros, 13 Secretários de Estado, 33 deputados e 133 prefeitos) que foram constituídos réus – uma particularidade: não um dos PCP. Quanto à chegada e sua superioridade moral, não sinto vontade, por mais doloroso que seja.
Lembro -me de que, no final dos anos 80, experimentei, como tantos, o confuso com a fragmentação da URSS, enquanto me confronta com as virtudes do bom prato (o sol enganoso) para não levar uma vida de erros. E eu estava fazendo o respectivo luto e mea culpa até a prefiguração do status de cidadão semi -comunicente. Isso me lembrou daquela mãe da história de Clarice Lispector, horrorizada com o fato de que ela não conhecia sua filha. Há um deserto que temos que atravessar.
Bem, mas isso para completar a idéia de Nuno Pacheco. O PCP, eu concordo, vive mal com o aborrecimento e não tem paredes de vidro, como nenhuma instituição – a igreja, por exemplo. O problema não é mesmo isso. O problema é que existem partidos políticos em Portugal que vivem bem com o aborrecimento. É isso que me assusta.