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Bactérias na boca que podem dar faixas sobre a saúde do cérebro

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“Podemos prever se você tem o gene do Alzheimer mesmo antes de pensar em ir ao médico”, diz um autor de estudo no Reino Unido.

Algumas bactérias encontradas na boca podem estar associadas a um maior risco de demência

Foto: BBC News Brasil

Certas bactérias encontradas na boca podem estar ligadas a mudanças na função cerebral como as pessoas envelhecendo, dizem os pesquisadores na Universidade de Exeter no Reino Unido.

Um estudo liderado por pesquisadores da universidade descobriu que certos tipos de bactérias estavam associados à melhor memória e atenção, enquanto outros estavam ligados a problemas de saúde cerebral e à doença de Alzheimer.

“Podemos prever se você tem o gene do Alzheimer antes mesmo de começar a ter problemas ou pensar em ir ao médico para um diagnóstico”, diz Joanna L’Eureux, a principal autora do estudo.

A pesquisa está em estágios iniciais, mas os pesquisadores dizem que agora estão investigando se comer certos alimentos saudáveis, como folhas verdes ricas em nitrato, podem influenciar a saúde do cérebro, estimulando certas bactérias.

O estudo teve mais de 100 voluntários com mais de 50 anos

Foto: BBC News Brasil

Para o co-autor do estudo Anne Corbett, as implicações dos resultados são profundas.

“Se certas bactérias apoiarem a função cerebral, enquanto outras contribuem para o declínio, os tratamentos que alteram o equilíbrio de bactérias na boca podem fazer parte de uma solução para prevenir a demência”, diz ela.

“Isso pode ser por meio de mudanças na dieta, probióticos, rotinas de higiene oral ou até tratamentos direcionados”.

O estudo recrutou 115 voluntários com mais de 50 anos que já haviam realizado testes cognitivos como parte de outro projeto.

Os pesquisadores os dividiram em dois grupos – um com pessoas sem problemas em declínio da função cerebral e outros com pacientes com problemas cognitivos leves.

Os participantes de ambos os grupos enviaram amostras de saliva que foram analisadas e as populações de bactérias estudadas.

Estudo analisou amostras de participantes

Foto: BBC News Brasil

Pessoas que tinham grandes quantidades dos grupos de bactérias Neisseria e Haemophilus tinham melhor memória, atenção e capacidade de executar tarefas complexas.

Aqueles que tinham os níveis mais altos das bactérias porphyromonas já eram pessoas com problemas de memória.

O grupo bacteriano Prevotella já estava conectado abaixo do nitrito, mais comum em pessoas que carregavam o gene de risco da doença de Alzheimer, explica L’Heureux.

Embora o estudo mostre uma correlação entre bactérias e doenças, não é capaz de provar a causalidade – isto é, que uma coisa causou a outra. Isso requer mais pesquisas.

Mais estudos podem levar a uma maneira futura de ajudar a diagnosticar doenças, de acordo com os pesquisadores.

“No futuro, poderíamos coletar essas amostras (da boca) como parte das consultas médicas e processá -las para dar uma indicação precoce se alguém tiver um alto risco de doença da memória”, diz Anni Vanhatalo, uma pesquisa associada à pesquisa e impacto na universidade.