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A que lugar eu pertenço? Onde me sinto integrado, respeitado e amado? | Opinião

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O sentimento de pertencer a algum lugar, uma comunidade ou um grupo de amigos é algo que é construído, independentemente de você viver ou não em seu país de origem. Recentemente, voltei de uma temporada e meia no Rio de Janeiro, onde trabalhei como repórter de televisão por 21 anos. Percebi que havia criado laços que sempre me fazem sentir em casa lá, como se eu fizesse parte desse lugar, essas pessoas.

Estou fora do Rio há mais de três anos, mas fui reconhecido por muitos vendedores na praia e os garçons dos restaurantes e bares que frequentavam. Assine que eu era um repórter “popular” e gostava de comer e beber. Então me senti em casa desde o primeiro momento em que entrei lá. Além de conhecer as maneiras, fui integrado aos ambientes onde passei.

Aqui, em Portugal, ao redor e então ouço brasileiros que reclamam da “frieza” e da seriedade dos portugueses. Eles reclamam do oposto do que eu senti no rio, o sentimento de exclusão. Será? Insistirei mais uma vez: o sentimento de pertencimento é algo que é construído, independentemente de onde você está. Eu tinha evidências disso ao retornar a Lisboa.

Novamente, os garçons, o proprietário da Tasca, o vendedor de farmácias, a senhora que limpa o prédio onde moro. Eu ouvi muito: “Olá, desapareceu. Quanto tempo? Você viajou? Como foi no Brasil? Eu não te vejo há um tempo … e assim por diante. Um japonês (risos), proprietário de um dos restaurantes que tenho.

Então, quando ouço certas queixas, penso imediatamente: é? Essa pessoa que reclama tenta se aproximar ou pelo menos ser cordial para aqueles que se relacionam diariamente, mesmo por alguns minutos? Ao longo dos anos, percebi que um sorriso abre portas e desarma muito ou rudemente.

Sou muito mais gentil em lidar com as pessoas hoje do que alguns anos atrás. Quando trabalhei na TV, era impaciente, apressado, estressado, porque minha rotina profissional era assim. Um repórter de noticiário deve estar sempre pronto para entrar ao vivo, com texto memorizado, informações sobre a ponta da língua, cabelos arrumados, pele opaca, postura, manter a calma, apesar do caos que pode estar por perto. De qualquer forma, impossível não ficar um pouco estressado se essa for a rotina. Hoje estou mais calmo, com menos pressa e mais tempo. Hora de ser mais delicado, mais paciente, ouvir e tratar bem as pessoas. Isso faz a diferença, e certamente as pessoas com quem você vive na vida cotidiana sentirá sua falta.

Eu me senti pertencente a Lisboa quando voltei. Gestos simples podem gerar muitas sensações de alegria e inclusão. É bom “fazer parte” de alguma coisa, a vida de alguém, criar testemunhos de nossa passagem aqui.

Outro dia, fui ao aniversário de um amigo português. Meu filho e eu éramos os únicos brasileiros. O que chamou minha atenção foi no menu oferecido pela aniversariante. Os pratos principais eram portugueses, mas os lanches de entrada e o bolo Brigadeiro eram brasileiros. E tudo estava delicioso. Um exemplo saboroso de como as culturas podem misturar e melhorar a vida.

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