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Femi Fani-Kayode se lembra do ataque de golpe de 1966 contra sua família

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O ex-ministro da Aviação, Femi Fani-Kayode, falou sobre sua experiência angustiante durante o golpe militar de 1966, quando soldados invadiram a residência de sua família e sequestraram seu falecido pai, o chefe Remilekun Adetokunboh Fani-Kayode.

O mais velho Fani-Kayode, que era vice-primeiro-ministro da região do Velho Oeste e Balogun de Ifé, foi levado por amotinados num ataque violento que quase ceifou a vida dos seus filhos.

Fani-Kayode, que na época tinha apenas seis anos, contou o acontecimento traumático em um artigo escrito para o Dia em Memória das Forças Armadas.

Ele descreveu como o ataque começou por volta das 2h, quando soldados invadiram sua casa, cortando o fornecimento de energia e mergulhando a casa na escuridão.

“Minha mãe entrou no quarto que eu dividia com meu irmão mais velho e minha irmã mais nova. As luzes foram cortadas pelos amotinados, então estávamos em completa escuridão, e tudo o que podíamos ver e ouvir eram os faróis de cerca de quatro caminhões pesados”, escreveu Fani-Kayode.

Ele se lembra de ter ouvido os soldados chamando o nome de seu pai e ordenando-lhe que saísse de casa. Quando seu pai saiu, os soldados o espancaram e amarraram antes de jogá-lo em um dos caminhões, saqueando a casa no processo.

“Eles foram muito brutais e assustadores, e ficamos aterrorizados. Eles saquearam todos os cantos e recantos, atirando no teto e nos guarda-roupas”, disse Fani-Kayode.

A sua mãe, incapaz de intervir, gritou e chorou da varanda, observando desesperadamente o marido ser levado.

No meio do caos, Fani-Kayode descreveu um momento de gentileza inesperada. Cercado por homens uniformizados que aterrorizavam a sua família, ele ficou no corredor quando um soldado se aproximou dele. O soldado colocou a mão na cabeça do menino e o tranquilizou.

“Não se preocupe, não vamos matar seu pai, pare de chorar”, disse-lhe o soldado, repetindo as palavras três vezes. Fani-Kayode explicou como a compaixão do soldado lhe deu esperança, acalmando seus medos.

Ele disse: “Olhei nos olhos dele e parei de chorar. Isso aconteceu porque ele me deu esperança e falou com bondade e compaixão.

“Nesse ponto, todo o medo e apreensão me deixaram.”

Com confiança renovada, ele correu até a mãe, ainda chorando na varanda, e garantiu-lhe que o soldado havia prometido que não mataria seu pai.

Fani-Kayode identificou o soldado como Capitão Nwobosi e atribuiu-lhe o crédito por salvar a vida de seu pai. Ele acreditava que Deus usou Nwobosi para entregar uma mensagem divina. Seu pai acabou sendo libertado e Fani-Kayode refletiu sobre como aquele momento moldou sua vida.

“Se meu pai tivesse sido morto, talvez eu não tivesse sido educado e não estaria onde estou hoje”, afirmou.

Fani-Kayode concluiu a sua reflexão rezando pelas almas daqueles que foram perdidos durante o golpe de 1966 e para que Deus ajudasse a tornar a Nigéria grande novamente, destacando o profundo significado pessoal e nacional dos acontecimentos que moldaram a sua vida.